Qual a quantidade mínima ideal de consumo de frutas e vegetais por dia?
Autora: Camila Rietjens
Um hábito essencial para o bem-estar
Frutas e vegetais são componentes-chave de uma alimentação saudável e equilibrada. O consumo reduzido desses alimentos no dia a dia está associado a diversos desfechos negativos de saúde, como o aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis, sendo as principais: obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial, síndrome metabólica, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurológicas e muitas outras.
O impacto na saúde global
O crescimento expressivo de casos dessas doenças se tornou um grande desafio para a saúde pública global, o que tem impulsionado a criação de diretrizes com recomendações de metas para aumentar a ingestão de frutas e vegetais pela população, com foco na prevenção, melhoria da qualidade de vida e aumento da expectativa de vida.
No entanto, não há consenso científico sobre a quantidade exata de consumo que seria necessária para obter esses benefícios, o que explica o fato de cada país adotar diferentes parâmetros como recomendação de consumo ideal.
Quantidade recomendada de consumo
No estudo publicado pela revista International Journal of Epidemiology (2017), de revisão sistemática e meta-análise que avaliou a dose-resposta do consumo de frutas e vegetais e o risco de diversas doenças e número de mortes, verificou-se que houve redução no risco de morte por todas as causas com consumo de frutas e vegetais em até 800 gramas por dia, embora a redução no risco tenha sido acentuada já com um consumo de 400 gramas por dia.
Dessa forma, a recomendação atual da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a ingestão de frutas e vegetais seja de no mínimo 400 gramas por dia para adultos (equivalente a 5 porções por dia), o que contribuiu para que outra meta de saúde também seja mais facilmente atingida pela população: o consumo de 25 gramas de fibras por dia.
Dados do consumo nacional
Segundo dados da pesquisa realizada pelo Vigitel (2023) acerca da frequência de consumo recomendado de frutas e hortaliças, apenas 21,4% da população das capitais brasileiras consomem frutas e hortaliças conforme o recomendado, o que significa que aproximadamente 4 em cada 5 pessoas têm um consumo insuficiente desses grupos de alimentos. O consumo de frutas e vegetais na alimentação é considerado um fator protetor contra diversas doenças, portanto o baixo consumo pela população brasileira pode estar relacionado ao crescente número de diversas doenças crônicas relacionadas ao estilo de vida.
Por que o consumo de frutas e vegetais é tão importante?
Os alimentos de fonte vegetal, especialmente as frutas, verduras e legumes, são naturalmente ricos em vitaminas, minerais, fibras alimentares e outras substâncias benéficas, como os fitoquímicos.
- Micronutrientes essenciais
Estes alimentos são os principais responsáveis por garantir os níveis adequados de consumo de micronutrientes (vitaminas e minerais), que são nutrientes essenciais para o metabolismo humano, atuando como cofatores ou coenzimas em diversos processos biológicos, além de participarem de transcrições gênicas e terem propriedades antioxidantes. Portanto, a deficiência ou até mesmo um estado subótimo de ingestão de algum micronutriente pode causar sintomas e agravar ou provocar doenças.
- Fibras alimentares
Há também a presença de fibras solúveis e insolúveis nas frutas e nos vegetais. As fibras alimentares são componentes resistentes à digestão e absorção no intestino delgado e passam para o intestino grosso, onde podem ser fermentadas por bactérias intestinais ou serem excretadas. Por conta dessas características, apresentam benefícios na manutenção da saúde, como:
– Regulação do funcionamento intestinal;
– Melhora do controle glicêmico;
– Redução da absorção de colesterol;
– Efeito prebiótico;
– Melhora da função imunológica;
– Aumento da saciedade e controle de apetite;
– Regulação de peso corporal.
Além disso, o consumo adequado de fibras tem um papel coadjuvante no tratamento de doenças como refluxo, gastrite, diabetes tipo II, dislipidemias, gordura no fígado, entre outras.
- Fitoquímicos
Os fitoquímicos são compostos bioativos presentes em alimentos de origem vegetal, como frutas, verduras e legumes. Apesar de não serem considerados nutrientes essenciais, como as vitaminas e os minerais, esses compostos possuem propriedades protetoras e terapêuticas, como:
– Ação antioxidante;
– Propriedades anti-inflamatórias;
– Prevenção de câncer
– Manutenção da saúde cardiovascular
– Regulação hormonal
– Ação antimicrobiana
– Melhora do sistema imunológico.
Entre os principais fitoquímicos presentes nos vegetais estão polifenóis, carotenóides, fitoesteróis, isoflavonas e alcaloides, cada um com funções específicas para a saúde.
Conclusão
Aumentar o consumo de frutas e vegetais é fundamental para melhorar a qualidade de vida, prevenir doenças crônicas e promover a longevidade. Apesar dos desafios, é essencial incorporá-los à rotina alimentar diária.
Uma sugestão prática de como atingir a recomendação mínima de cinco porções diárias (aproximadamente 400 gramas) seria consumir duas porções de verduras e legumes nas refeições principais (almoço e jantar, por exemplo) e três porções de frutas ao longo do dia, como parte do café da manhã, lanches intermediários ou como sobremesa. Esse planejamento é uma estratégia simples e eficaz para garantir o consumo diário de nutrientes, fibras e compostos que auxiliam na promoção da saúde de maneira sustentável.
Sobre a autora
Camila Rietjens é nutricionista, pós-graduada em Nutrição Clínica, Esportiva e Exames Laboratoriais (IPGS). Sua atuação na prática clínica é focada em uma abordagem inovadora, que prioriza a qualidade de vida por meio da intervenção no comportamento alimentar. Com base na ciência da nutrição e no respeito à individualidade, seu trabalho visa promover mudanças sustentáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.